Em declaração polêmica, líder religiosa Baby do Brasil incentiva vítimas de abuso sexual a perdoarem seus agressores, gerando debate nas redes sociais.
A pastora evangélica Baby do Brasil, conhecida por suas pregações e participações em programas religiosos, causou polêmica ao fazer um apelo público para que vítimas de abuso sexual perdoem seus agressores. A declaração foi feita nesta segunda-feira, 10, durante a realização de um culto evangélico numa badalada e tradicional casa noturna de música eletrônica da cidade de São Paulo, com transmissão ao vivo nas redes sociais e rapidamente se espalhou, gerando reações acaloradas de apoio e críticas.
Em seu discurso, a pastora afirmou que o perdão é um ato libertador e que as vítimas devem “deixar o ódio de lado” para seguir em frente. “Eu sei que é difícil, mas o perdão é a chave para a cura. Quando você perdoa, você não está absolvendo o agressor, mas sim se libertando daquela dor”, disse Baby do Brasil. A fala, no entanto, foi interpretada por muitos como uma minimização da gravidade dos crimes de abuso sexual, levando a debates acalorados nas redes sociais.
Especialistas em psicologia e direitos humanos alertam que, embora o perdão possa ser uma ferramenta de cura pessoal, ele não deve ser imposto às vítimas. “Cada pessoa lida com o trauma de uma forma única. Dizer que o perdão é a única solução pode revitimizar quem ainda está processando a dor”, explica a psicóloga Maria Fernanda Oliveira, especializada em traumas.
Além disso, organizações de defesa dos direitos das mulheres e crianças destacam que o discurso pode ser perigoso ao desviar o foco da responsabilização dos agressores. “É essencial que as vítimas tenham apoio para denunciar e que os agressores sejam punidos conforme a lei. O perdão não pode ser usado como justificativa para a impunidade”, afirma a ativista Ana Paula Silva, do Instituto de Defesa dos Direitos das Mulheres.
A polêmica também reacendeu discussões sobre o papel das lideranças religiosas em temas sensíveis como o abuso sexual. Para alguns, a pastora está cumprindo seu papel de oferecer consolo espiritual. Para outros, no entanto, a abordagem pode ser vista como uma forma de perpetuar a cultura de silêncio em torno desses crimes.
Nas redes sociais, a hashtag #PerdãoNãoCura se tornou trending topic, com milhares de usuários compartilhando suas experiências e opiniões sobre o assunto. Enquanto alguns apoiaram a mensagem da pastora, outros relataram que o perdão não foi suficiente para superar o trauma vivido. “Perdoar não apaga o que aconteceu. Precisamos de justiça e de apoio psicológico, não só de palavras”, escreveu uma usuária no Twitter.
A pastora Baby do Brasil ainda não se pronunciou sobre as críticas, mas sua fala já rendeu repercussão nacional, colocando em pauta a necessidade de um diálogo mais amplo e sensível sobre o tema. Enquanto isso, especialistas reforçam a importância de ouvir as vítimas e garantir que elas tenham acesso a recursos adequados para lidar com o trauma.
